Em meio a estes tempos sombrios e TEMERosos da política brasileira de 2017, lembramos, talvez não por acaso, que o livro A hora da estrela, da intelectual Clarice Lispector, faz 40 anos de sua publicação (1977). Não por acaso porque, ressalvadas as diferenças, o contexto no qual a novela foi escrita também era repressivo, ditatorial e sumariamente desalentador. Assim, valendo-se de sua arma mais poderosa, a linguagem literária, e já talvez antecipando o que Bhabha viria a nos ensinar depois de que narrar é narrar a nação, a intelectual tratou, sem dó nem piedade, de uma realidade política pouco explorada ainda pela narrativa literária brasileira. Apesar de sua participação na passeata dos 100 mil e de algumas crônicas de protestos, incluindo até mesmo alguns pequenos textos considerados ficcionais como é o caso do conto “Mineirinho”, foi por meio de seu compromisso com a linguagem que Clarice soube se antecipar e dar a melhor resposta possível de como captar a realidade política daquele momento histórico do país. Mesmo passados 40 anos de sua publicação, o livro A hora da estrela traz e apresenta-nos um projeto intelectual arrojado que, entre outras leituras, ajuda-nos a compreender melhor essa realidade política brasileira que não nos cansa de surpreender com suas atrocidades, gatunos e malas.

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Segunda Circular do Evento

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇAO – FAALC
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM ESTUDOS DE LINGUAGENS – PPGMEL
NÚCLEO DE ESTUDOS CULTURAIS COMPARADOS - NECC

IV COLÓQUIO DO NECC: A HORA DA ESTRELA CLARICE LISPECTOR (40 anos)

DIAS: 18, 19 & 20 DE OUTUBRO DE 2017
LOCAL: ANFITEATRO DO CCHS


SEGUNDA CIRCULAR

ATENÇÃO: Sai agora a SEGUNDA CIRCULAR com pouquíssimas alterações e mais com o objetivo de manter informados a todos os supostos interessados em participar do evento.

(A hora da estrela faz 40 anos. Faz 40 anos que Clarice Lispector morreu. Faz 40 anos que a mortífera Macabéa sobrevivia nos becos e vielas da cidade maravilhosa Rio de Janeiro. Naquele contexto, a cidade e o país como um todo viviam sob o regime da ditadura, repressão e censura. Corpos humanos simplesmente desapareciam da noite para o dia. Outros, como o da miserável nordestina Macabéa, perambulavam pelos cortiços, botecos e vielas imundas. Às vezes acompanhada pelo cantar de um galo no morro. Sempre acompanhada e em meio ao barulho ensurdecedor dos automóveis anunciando o progresso, o desenvolvimento, o crescimento exagerado da cidade. Entre Geisel e golpes a política brasileira, para variar, vai bem, obrigada, e até manda lembranças e beijinhos para o povo brasileiro. Macabéa continua em movimento e ouvindo de quando em quando a Rádio Relógio tocar a música O leãozinho, na voz inconfundível do jovem Caetano Veloso. Mas quarenta anos não se passaram em vão. Muita coisa no país mudou para melhor. Talvez a própria  literatura política da intelectual Clarice Lispector tenha contribuído para isso. Uma coisa é certa: o Rio de Janeiro continua lindo! O que continua feio é o que vem acontecendo neste seu contexto de agora: trabalhadores de uma vida inteira têm sua vida ameaçada: sem salário, sem dignidade, sem segurança e sem poder fazer nada! Os políticos locais comeram o direito/dinheiro do povo! O que acontece na política do Rio ilustra as decisões políticas tomadas no meio da madrugada, ou na calada da noite, em Brasília, na capital federal. Assim, somos todos nós, trabalhadores brasileiros, macabéas/macabeus mortos, cansados, desesperançados, sem futuro, sem dignidade, sem salário, sem comida, representantes de nossa própria miséria. O Brasil não é longe dessa falta de direito adquirido; antes, é o centro imperial desse vale tudo antipolítico. Quarenta anos depois, fico imaginando Macabéa nos dias atuais da cidade toda feita contra ela. Teria sido assassinada, como acontecera com Mineirinho. Ou teria perambulado pelas ruas da cidade maravilhosa, até cair exausta no chão, de fome, sede, sem trabalho, sem dignidade, sem dindim para pagar água e luz, nem muito menos para comprar um pingado num boteco qualquer de uma esquina qualquer de uma cidade qualquer...)


Em meio a estes tempos sombrios e TEMERosos da política brasileira de 2017, lembramos, talvez não por acaso, que o livro A hora da estrela, da intelectual Clarice Lispector, faz 40 anos de sua publicação (1977). Não por acaso porque, ressalvadas as diferenças, o contexto no qual a novela foi escrita também era repressivo, ditatorial e sumariamente desalentador. Assim, valendo-se de sua arma mais poderosa, a linguagem literária, e já talvez antecipando o que Bhabha viria a nos ensinar depois de que narrar é narrar a nação, a intelectual tratou, sem dó nem piedade, de uma realidade política pouco explorada ainda pela narrativa literária brasileira. Apesar de sua participação na passeata dos 100 mil e de algumas crônicas de protestos, incluindo até mesmo alguns pequenos textos considerados ficcionais como é o caso do conto “Mineirinho”, foi por meio de seu compromisso com a linguagem que Clarice soube se antecipar e dar a melhor resposta possível de como captar a realidade política daquele momento histórico do país. Mesmo passados 40 anos de sua publicação, o livro A hora da estrela traz e apresenta-nos um projeto intelectual arrojado que, entre outras leituras, ajuda-nos a compreender melhor essa realidade política brasileira que não nos cansa de surpreender com suas atrocidades, gatunos e malas.

Além da homenagem prestada ao livro, o NECC, ao propor a temática A HORA DA ESTRELA CLARICE LISPECTOR, também presta homenagem aos 40 anos de morte da escritora, ocorrida naquele início de dezembro escaldante de 1977. Quarenta anos sem Clarice são correlatos a quarenta anos com Clarice, já que, em se tratando da crítica brasileira, e até mesmo dos estudos feitos no exterior, essa crítica nacional não tem feito outra coisa nestes últimos 40 anos senão elevar a escritora e sua obra ao mais alto patamar já alcançado por uma intelectual mulher dentro do projeto que sustenta a literatura brasileira.

Justificada e tornada pública a proposta temática do IV COLÓQUIO DO NECC, passamos a algumas informais prévias e gerais acerca da organização e participação no evento.

O CONVITE, inicialmente, é feito a todos os interessados, quer seja como participantes, quer seja como apresentadores de papers. Visando a que todos os interessados possam efetivamente participar, trazemos algumas informações necessárias:

1- É condição sine qua non que todo trabalho trate da obra ou vida da escritora, mencione textualmente sua obra ou aluda diretamente à produção intelectual da escritora.

2- Acadêmico de Graduação pode participar com apresentação de trabalho, desde que tenha algum tipo de bolsa científica e o trabalho seja em coautoria com o professor responsável e respectivo orientador do acadêmico;

3- Pós-graduando, nível mestrado e doutorado, pode participar com apresentação de trabalho, desde que em coautoria com seu respectivo orientador de pesquisa;

4- Professores em geral, de preferência que tenham defendido trabalhos acadêmicos sobre a obra de Clarice Lispector;

5- Professores em geral, cujo trabalho a ser apresentado seja sobre Clarice Lispector, ou aluda à sua obra por meio de uma perspectiva comparatista, impreterivelmente;

6- Pesquisadores em geral da obra da Escritora;

7- Interessados em geral cuja proposta passe diretamente pela obra, vida ou fortuna crítica da escritora.

8- Participantes em geral, sem apresentação de trabalho, terão apenas que se inscrever no momento oportuno, por meio de ficha a ser disponibilizada no momento certo.

ATENÇÃO: a TERCEIRA E ÚLTIMA CIRCULAR a sair em breve está condicionada à aprovação institucional do projeto que foi submetido como projeto de extensão. Desse modo, assim que obtivermos tal resposta, liberaremos a circular trazendo FICHA DE INSCRIÇÃO, MODO DE INSCRIÇÃO, VALOR DA INSCRIÇÃO, NORMAS BIBLIOGRÁFICAS DO RESUMO e DO TEXTO FINAL.


[...] o que me provoca e inspira para a vida:
estrela acesa ao entardecer.

Um sopro de vida.


ATENCIOSAMENTE,

Prof. Dr. Edgar Cézar Nolasco

COODENADOR DO NECC E DO EVENTO

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